segunda-feira, 31 de março de 2008

"Sobredotação" ou "Talento" no desporto?

Uma das grandes dificuldades das ciências humanas e sociais prende-se com o facto de não conseguir identificar uma fronteira clara entre o normal e o não normal. A sobredotação pertence, claramente, à não normalidade.
A população destes indivíduos calcula-se entre os 3 e os 5%, sendo que a maioria não se manifesta, muito devido à falta de estimulação (Oliveira & Oliveira, 1999).

As aptidões de Mozart, Picasso, Newton ou Einstein são tão impenetráveis ao nosso entendimento que as explicamos dizendo que estes indivíduos nasceram génios. O meio não desempenha um papel interessante, se os talentos forem inatos e em grande medida fixos (Winner, 1999).

Outros psicólogos gostam de desacreditar a "psicologia popular", e o tema da sobredotação não foge à regra. No entanto, estes também têm o seu próprio mito: o de que a sobredotação é totalmente produto do meio. Argumentam que um treino intensivo, iniciado numa idade precoce, é suficiente para explicar até mesmo os casos mais extremos da sobredotação – as crianças prodígio, os sábios ou os adultos criadores (Winner, 1999).

A terminologia usada para caracterizar estes sujeitos com inteligência superior não é uniforme, onde normalmente se usam termos como “génio, talentoso ou prodígio”. Indiferentemente à nomenclatura, são sujeitos que se distinguem por possuírem uma grande capacidade intelectual e/ou artística, distanciando-se dos normais, por excesso, da mesma forma que os deficientes se distanciam, por defeito (Oliveira & Oliveira, 1999).

De Confúcio (China), Platão (Grécia) e mais recentemente Galton e Terman, um sobredotado caracteriza-se por: saúde física e mental, sucesso escolar, traços de personalidade, interesses extra-escolares, origem social, atitudes frente à vida, sucesso profissional, sentido crítico, capacidade de liderança, altas capacidades artísticas ou desportivas, mas essencialmente um QI superior a 130 (que passou a ser o critério mais seguido de identificação) (Oliveira & Oliveira, 1999).

Ao que ao desporto diz respeito, o que podemos dizer acerca dos nossos atletas? Vanessa Fernandes e Cristiano Ronaldo? Sobredotados? O que lhes podemos chamar?

A diferença enter génio e "não génio" é alguém que, para além das reconhecidas competências, acrescenta algo à humanindade (Einstein e a sua célebre E=m.c2). Logo não podemos chamar génio a um atleta? Aparentemente não... como tal, dá-se o nome de "Talentoso".

Talentoso é alguém extremamente bom numa determinada área, mas que não se distingue especialmente em mais nenhuma área. Cristiano Ronaldo é um craque da bola, mas na escola nunca se salientou dos demais.

Podemos concluir que não existem sobredotados no desporto? Por favor comentem!


Saudações